Nunca pensei que experimentaria uma dor tão profunda e incompreensível. A separação entre duas pessoas é realmente um processo moroso, doloroso e cansativo, mas a separação entre um ser humano e seu animal de estimação é uma experiência sobre tristeza e solidão.
Acho que nunca me senti tão sozinho e deseamparado; a separação dos meus gatos foi muito mais solitária e melancólica do que a separação de um relacionamento amoroso de muitos anos.
O simples fato de saber que não terei mais o afago, o miado, o ronronar, é muito mais desesperador do que saber que não vou ouvir um “eu te amo” nunca mais em toda minha vida.
A forma de dizer “eu te amo” de um animal, é muito mais singela, genuína e envolvente do que as palavras vazias pronunciadas por seres falsos. O olhar fixo e sereno, as piscadelas de olho, os pedidos de carinho, até as mordidas de amor, são atitudes muito mais sinceras do que muito “eu te amo” que já ouvi pela vida.
Está aí a dor tão incompreensível, o amor que nutri pelos meus gatos foi a coisa mais profunda que já experimentei, a forma mais feliz de amar e se sentir amado.
A parte mais triste desse amor é saber que o melhor para eles agora não é estar ao meu lado. O melhor é o meu afastamento, pois só eles viram verdadeiramente como eu fiquei, só eles me acolheram nas noites mais frias com seus carinhos, aliviaram os meus choros mais soluçados com o seus miados e estiveram ao meu lado nas inúmeras noites de insônia que passei.
Resta agora a saudade, que busco nas minhas memórias e nas fotografias, na esperança de olhar para elas e ainda sentir a alegria, dos bons momentos que tive, da felicidade que sentia, do leve sorriso ao lembrar que um dia fui agraciado com um amor tão imenso que não coube em mim.
É realmente um amor indescritível, pois não esperamos muito de um ser que não nos compreende muito bem, mas a verdade é que eles conseguem nos entregar muito mais do que podemos compreender.
Tem maior presente que o amor de um gato?