Cigarro, Choro e Café

Pessoal
01 Dec 2023

Hoje eu acordei e percebi que meu cigarro tinha acabado, sai para comprar mas a loja estava fechada, fiquei um pouco ansioso em perceber que não teria a companhia do meu fiel amigo ali comigo como toda manhã, mas resolvi encarar o desafio de uma manhã sem ele.

Fui ao mercado, comprei pão, banana e iogurte, voltei em casa, fiz meu café, comi, sentei na varanda, olhei para o cristo e tomei meu primeiro gole de café, sentindo o calor reconfortante da bebida e uma sensação de bem-estar que percorria todo o meu corpo. O café, assim como o cigarro, sempre foi um fiel aliado.

Nesse momento me deparei que estava sem meu outro companheiro, o cigarro. Meus dedos estavam se encostando um no outro, como se eles estivessem sentindo falta da presença e do toque de alguém ali no meio deles, alguém que estava com eles ontem, anteontem, segunda, semana passada e que agora não estava mais. A reação logo passou para a mão inteira e eu percebi que estava um pouco tremulo, poderia ser a falta, o vício, o café, a saudade, mas a verdade é que meus dedos não estavam preparados para remover alguém tão corriqueiro da vida deles de uma maneira tão de repente.

Quando me deparei para olhar friamente aquela situação, meu corpo estava reagindo pela falta de um objeto que eu não estava entendo o por quê. Eis que chegou uma nova companhia, o choro. Não sabia ao certo pelo o que estava chorando, chorando por um cigarro? Chorando pela dependência emocional que meus dedos criaram por um objeto? Ou talvez, chorando porquê me deparei que assim como os meus dedos sentiam falta de um corpo entre eles e eu também estava sentindo. Sentindo falta de um objeto que estava satisfazendo a minha ansiedade, que abafava meus medos, que tragava minha angústia a dentro, que afastava minhas loucuras e que transformava a tristeza em alegria.

É muito doloroso para o nosso corpo se desacostumar de algo tão cotidiano de uma maneira tão repentina. Criamos laços, vínculos, vícios, de coisas tão bobas e tão simples, que quando essas coisas somem do nosso dia-a-dia parece que levaram parte de nós.

A falta de um simples cigarro entre meus dedos pela manhã me fez perceber que não apenas meus dedos estavam sentindo falta, mas que meu corpo também sentiu em forma de lágrimas.